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Após conflitos, sírios vão às urnas

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, e sua esposa Asma votaram nas eleições parlamentares em Damasco, na Síria, neste folheto divulgado pela SANA em 19 de julho de 2020. — Foto: SANA / Divulgação via Reuters

Eleitores irão escolher 250 deputados. Pela primeira vez, a eleição ocorre em antigos locais de rebelião

Os sírios vão às urnas neste domingo (19) para eleições legislativas, em um país destruído pela guerra e em meio a uma grave crise econômica. Os eleitores escolhem 250 deputados, sendo que o partido no poder há meio século, e ligado ao presidente Bashar Al Assad, tem vantagem.

Esta é a terceira eleição parlamentar desde o início de 2011 e de um conflito que já matou mais de 380 mil pessoas e causou o êxodo de milhões, enquanto o regime de Damasco sofre sanções ocidentais.

Mais de 7 mil sessões eleitorais estão abertas em áreas governamentais e devem fechar, em princípio, às 19 horas pelo horário local (16:00 GMT), segundo a Comissão Eleitoral. Pela primeira vez, a votação ocorre em antigos bastiões da rebelião.

Opositores fora da disputa

O partido Baath, intimamente ligado ao clã Assad, geralmente vence as eleições legislativas organizadas a cada quatro anos, enquanto a maioria dos oponentes vive no exílio ou em setores fora do controle do regime.

O presidente Assad e sua esposa Asma votaram em Damasco. Fotos do casal elegantemente vestido e usando máscaras protetoras contra o novo coronavírus foram divulgadas pela Presidência.

Também na capital, “dezenas de eleitores – alguns usando máscaras e respeitando as medidas de distanciamento” – foram às urnas, observou um correspondente da AFP. Nas eleições legislativas de 2016, a taxa de participação foi de 57,56%.

Khaled al-Shaleh, 50 anos, disse que daria voz a um candidato “de confiança capaz de transmitir ao Parlamento as queixas de cidadãos que sempre foram de natureza econômica, antes, durante ou depois da guerra”.

Explosão na véspera

Na véspera da eleição, uma pessoa foi morta e outra ficou ferida na explosão de duas bombas, perto de uma mesquita, no subúrbio ao sul de Damasco, segundo a agência de notícias oficial Sana.

Originalmente agendadas para abril, as eleições foram adiadas duas vezes devido à pandemia de covid-19, que infectou 496 pessoas e matou 25 em regiões do regime, segundo dados oficiais.

Sem surpresa, a oposição no exílio chamou a votação de “hipocrisia”. Nasr Hariri, uma figura antagonista ao regime vigente, denunciou o que chama de “um parlamento de fachada, usado pelo regime para aprovar legislação que serve ao grupo no poder”.

De acordo com a comissão eleitoral, as urnas de votação foram instaladas, pela primeira vez, em Ghouta Oriental, um antigo enclave insurgente perto da capital, e também em territórios reconquistados na província de Idleb, o último grande bastião jihadista e rebelde do noroeste do país.

Apoio internacional

Damasco vem acumulando vitórias nos últimos anos, graças ao apoio militar da Rússia e do Irã, até recuperar o controle de mais de 70% do país fragmentado pela guerra.

Hoje, no entanto, os programas eleitorais dos candidatos são dominados por questões econômicas e sociais, com promessas de soluções específicas para a alta dos preços e a reabilitação da infraestrutura do país.

“Os deputados terão de fazer um esforço excepcional para melhorar os serviços” à população, afirmou Oumaya, 31, empregado em uma clínica odontológica.

A economia está em queda livre há vários meses, com uma depreciação histórica da moeda. Mais de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza, de acordo com a ONU.

Clã Assad

Há 20 anos, Bashar al-Assad, então com 34 anos, assumiu o cargo mais alto da Síria após a morte de seu pai, Hafez al-Assad. Após três décadas de poder incontestado de seu pai, ele incorporou uma esperança de mudança. Vinte anos depois, no entanto, seu regime é tratado como um pária no cenário internacional.

Fonte: G1

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