Milhares de mineiros e indígenas relacionados ao ex-presidente de esquerda Evo Morales marcharam nesta terça-feira (28) na cidade boliviana de El Alto, vizinha de La Paz, em rejeição ao adiamento das eleições gerais devido ao coronavírus.
Cerca de 5 mil pessoas marcharam vários quilômetros pelas ruas desse reduto de Morales (2006-2019), carregando bandeiras bolivianas vermelhas, amarelas e verdes e a ‘whipala’, o símbolo multicolorido dos povos aimara e quíchua.
Não faltaram críticas contra o governo da presidente de transição, Jeanine Áñez, e do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), que na semana passada adiou as eleições de 6 de setembro para 18 de outubro devido à escalada da pandemia.
“A data da eleição de 6 de setembro deve ser cumprida”, disse à AFP o líder mineiro Lucio Padilla. “Não podemos permitir a manipulação do direito e nossa obrigação é defender a democracia”.
É o segundo adiamento em meio à pandemia, desde que a votação foi originalmente convocada para 3 de maio.
Durante a marcha, alguns mineiros soltaram rojões sem causar danos.
Froilán Mamani, líder do sindicato camponês Tupac Katari, disse que o TSE deveria recuar sobre o adiamento, porque caso não o faça haverá convulsão social.
“Não permitiremos mais prorrogações do governo de transição”, disse.
Os manifestantes também criticaram o governo interino, que eles acusam de não combater eficazmente a Covid-19, que até agora deixou mais de 71 mil infecções e quase 2.500 mortes, em uma população de 11 milhões.
Marchas com motivos semelhantes também foram realizadas nas cidades de Cochabamba (centro) e Cobija (extremo norte).
O ministro da Presidência, Yerko Núñez, acusou Morales e o candidato Luis Arce de encorajarem as marchas em um momento que país enfrenta uma escalada da pandemia.
Fonte: AFP