Esta expressão clichê – que já teve pedido de banimento da língua inglesa na crise financeira global de 2007/2008, mas que no Brasil insiste em não sair de moda – é geralmente usada quando a ocorrência de um evento adverso é agravado por uma combinação rara de fatores evoluindo para um desastre. No caso que vamos avaliar, um desastre socioeconômico.
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Este evento adverso, ou na classificação do autor Taleb, N. N., este “Cisne Negro”, é novamente um desdobramento da pandemia da Covid-19, ou seja, inflação de custos. O mesmo autor, em A Lógica do Cisne Negro, faz a seguinte pergunta: Não é estranho ver um evento ocorrer precisamente porque não deveria ocorrer?
Instituições financeiras, consultorias, universidades ao redor do mundo, visualizavam um cenário de retomada econômica pós-Covid 19 vigoroso para muitas nações, inclusive a brasileira. A ponto do Ministro da Economia Paulo Guedes falar em recuperação em “V”. Ao invés disso, pra nossa surpresa a situação macroeconômica do Brasil passou a se deteriorar muito rapidamente devido a uma série de fatos negativos correlacionados.
Ninguém atentou para o fato da própria retomada pós-Covid 19 gerar inflação de custos devido à desordem na logística das cadeias produtivas, que provoca uma situação de crescimento econômico pífio, ou até mesmo de estagflação para 2022 na economia brasileira.
Cenário este de difícil resolução nos próximos 12 meses, por um conjunto de fatores macroeconômicos simbióticos nacionais e internacionais. Pra complicar, neste momento em Brasília pouca coisa se discute que não sejam as eleições. E isso tem implicações econômicas tanto do lado do executivo quanto do lado do legislativo. No meio o mercado precificando tudo.
Do lado do Legislativo, as reformas fiscal e administrativa vão ficar em segundo plano devido ao ano eleitoral. Do lado do Executivo, descontrole fiscal pelo mesmo motivo. Isso força a desvalorização do Real frente ao Dólar provocando mais inflação de custos de produção aqui dentro e a alta das commodities desta vez não salva nossa economia justamente pela desvalorização da moeda local.
E ainda temos mais dois ingredientes de peso na formação dessa tempestade perfeita. A escalada no preço internacional do petróleo dando sua parcela de contribuição para a inflação de custos e a crise hídrica com risco de apagão encarecendo o preço da energia que passa a ser produzida em grande parte por termelétricas a diesel ou gás, impactando novamente todas as cadeias produtivas. Mais inflação para as famílias brasileiras.
O que fazer então para conter este processo? Só temos uma saída diante de tudo que colocamos aqui: elevação de juros. E o Banco Central já entrou forte, elevando a taxa Selic para 6,25% a.a., devendo fechar 2021 em 8,25% a.a. segundo o Relatório Focus e o BTG Pactual. Isso levou também o Bacen, o BTG Pactual e o FMI a começarem a reduzir suas estimativas de crescimento do PIB em 2021 para 5% (em agosto esta projeção era de 5,28%). Isso é reflexo dos últimos números da produção industrial de agosto, -0,7% segundo a Confederação Nacional da Indústria-CNI e do varejo, -3,1% segundo a Confederação Nacional do Comércio-CNC.
Para 2022 as projeções dessas mesmas variáveis pelo Relatório Focus, mas principalmente pelo BTG Pactual, são de uma taxa Selic entre 8,75% e 9,50%; IPCA ao redor de 4,30% e câmbio entre R$ 5,25 e R$ 5,40. O PIB por sua vez recuará para 1,5% segundo o Relatório Focus e para 1,20% segundo o BTG Pactual.
Resultado: Estagflação ou algo próximo disso para 2022, um ano eleitoral.
(*) Magno Xavier é economista e especialista em gerenciamento de empresas pela UERN e cursa MBA/EAD em Marketing Político pela UnyLeya.
E-mail: aurimax.mx@gmail.com – Instagram: @magnoxavier_economista – Twitter: @MagnoXavier2
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