Por Magno Xavier(*)
Não por coincidência a COP 26 se iniciou justamente no dia 31/10/2021, dia das bruxas e assombrações. Também não ao acaso é a localização da conferência, Glasgow, na Escócia. Foi lá onde se deram as primeiras comemorações desta natureza por volta do ano de 1786 – auge da Revolução Industrial baseada na queima de combustíveis fósseis altamente poluentes – com o poema “Halloween” do escritor escocês Robert Burns. Esta data representava o fim da colheita para os antigos Celtas, no festival pagã do Samhain.
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Mas estaria a humanidade no “fim da sua colheita”? Bem, de acordo com o 6º relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU divulgado agora em 2021, sim. Pelo menos se nada for feito para reduzir drasticamente a queima de combustíveis fosseis e o desmatamento, respectivamente formadora e contribuinte dos gases do efeito estufa, o mais rápido possível, pois esses fatores mantém o aquecimento médio do planeta em 1,5º C.
É disso que trata o Acordo de Paris, aprovado em 12/12/2015 com a assinatura de 196 países, inclusive o Brasil. Coube a nós naquele momento como principal contribuição reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 37% até 2025 e em 43% até 2030. Para alcançar estes resultados teríamos obviamente que reduzir desmatamento, reflorestar áreas degradadas, intensificar investimentos em energias renováveis e em biocombustíveis.
Todavia o Brasil vem se distanciando do cumprimento destas metas e, chega a COP 26 com uma elevação de 9,5% nos gases de efeito estufa no ano de 2020, quando no mundo estas emissões despencaram 7% devido a pandemia da Covid-19, segundo o SEEG (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa) do Observatório do Clima. Há um dilema no mundo atual entre fantasmas antigos e oportunidades novas ou ideologia política versus pragmatismo empreendedor.
Por um lado assistimos à desregulamentação do regramento ambiental brasileiro no Governo do Presidente Jair Bolsonaro, além das diversas declarações públicas que vão na contra mão da agenda do clima. Sua ausência na COP 26 passa um recado muito ruim para o mundo, o da confirmação destas hipóteses. O que torna o país um ambiente hostil a novos investimentos. Apesar da comitiva brasileira ter se comprometido com metas ainda mais ousadas do que aquelas firmadas no Acordo de Paris. Como elevar de 43% para 50% a meta de corte das emissões de gases de efeito estufa ate 2030 em relação aos níveis de emissões de 2005. E neutralizar completamente as emissões de carbono até 2050.
Por outro lado, parte das lideranças brasileiras que foram a Glasgow, defendem esta narrativa do clima e criticam as atitudes do Presidente Jair Bolsonaro, são também críticos da Indústria e da agropecuária, ou seja, do capitalismo.
São estas mesmas lideranças brasileiras e mundiais que defenderam, por exemplo, a criação de um imposto mundial de 15% sobre os lucros internacionais que será cobrado das Multinacionais a partir de 2023. Acordo este formalizado na reunião do G20 em Roma dia 30/10/2021, onde 136 países, inclusive o Brasil, são signatários. Outros países que seguirem cobrado impostos mais baixos serão retaliados. Segundo a OCDE cerca de US$ 150 bilhões poderão ser arrecadados de Empresas que deixam de investir e gerar empregos, pela prática da evasão fiscal. O montante estabilizaria financeiramente o clube do G20 no pós-pandemia.
Ocorre que este cartel antiliberal tira a concorrência entre países e a competitividade das Empresas, uma vez que impede seu deslocamento pelo globo a procura de menores impostos e de mão-de-obra mais barata, onde elas possam investir em novas plantas produtivas e contratar um volume elevado de mão-de-obra local, gerando empregos e podendo assim praticar um preço mais baixo nos seus produtos, para que ate mesmo a população mundial de baixa renda venha a ter acesso a produtos mais sofisticados.
Este é mais um esqueleto tirado do armário, o esqueleto do comunismo agora em escala global. Que abre um precedente para que Governos do G20 gastem descontroladamente, pois sempre poderão contar com a elevação de impostos internacionais. Mas vale salientar que este é um modelo fadado ao fracasso no longo prazo.
Porém, o aquecimento global é um fato consumado, não há mais como retroceder. E o Brasil é um seleiro de oportunidades e inovações, seja em projetos de Multinacionais, Médias Empresas ou em ideias inovadoras de dezenas de startups espalhadas pelo país. Algumas delas, como a Unilever do Brasil irão estes dias a Glasgow apresentar seus projetos ambientalmente corretos ao mundo. Tais iniciativas serão fonte de captação de investimentos internacionais daqui pra frente.
Talvez a questão central a ser solucionada pelo G20 e pela COP 26 seja como colocar de volta no armário o fóssil do comunismo que até hoje polui a mente dos líderes mundiais. Já que por parte das Empresas a criação de alternativas ambientalmente corretas só cresce, como: energia eólica, solar, biomassa, biocombustíveis, materiais biodegradáveis, reflorestamento, reciclagem, veículos elétricos etc.
(*) Magno Xavier é economista e especialista em gerenciamento de empresas pela UERN e cursa MBA/EAD em Marketing Político pela UnyLeya.
E-mail: aurimax.mx@gmail.com – Instagram: @magnoxavier_economista – Twitter: @MagnoXavier2
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