*Por João Ribeiro.
Vivemos em um mundo em constante transformação, a comunicação política precisa acompanhar o ritmo acelerado dessas mudanças. No entanto, alguns profissionais parecem estar perdendo o trem da história. Não é uma questão de idade, mas de percepção da realidade. É necessário ter humildade para reconhecer que a era do “supermarqueteiro”, capaz de decidir uma eleição com um truque de mágica, já passou.
Hoje, ter o maior tempo de televisão e formar um grande arco de alianças já não é suficiente. Uma mídia não anula a outra, mas a complementa. E é exatamente por este motivo que uma campanha precisa ser transmídia, com conteúdo segmentado e relevante para poder ser entregue em cada ponto de contato com o cidadão/eleitor. A internet trouxe inúmeras possibilidades, mas também desafios enormes – entender de tráfego pago, segmentação, comunidades, monitoramento, algoritmo, mobilização, economia da atenção, IA (Inteligência Artificial), é obrigação do estrategista.
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No Brasil, 84% das residências estão conectadas à internet, existem cerca de 250 milhões de smartphones em uso, 152,4 milhões de usuários de mídias sociais e 93,4% das pessoas têm uma conta de WhatsApp ativa no celular. O digital deixou de ser um um “Puxadinho” nas campanhas políticas há muito tempo, embora esse ainda seja o pensamento de muitos “marketeiros”. Esse novo momento exige que o estrategista de marketing político deve estar sempre aberto para novos conhecimentos, implementar novas tecnologias e possuir várias habilidades.
Claro que não estou falando aqui que deve haver uma ruptura com o passado, com os clássicos e pensadores que são base para a comunicação política, mas esse novo profissional precisa se reinventar a cada dia e entender que o corpo a corpo, o porta a porta, o rádio, a TV, os impressos e os canais digitais não estão dissociados um do outro, mas que devem caminhar juntos, funcionando numa engrenagem única.
Também não posso deixar de falar sobre o uso do meme e a propaganda de oportunidade na comunicação política. Claro que o uso depende de conhecimento, de criatividade, de um bom planejamento e de entender se o momento é adequado para esse tipo de conteúdo, que quando é bem feito, tem duas funções: humanizar e ajudar a chegar a públicos fora da bolha. E foram esses conteúdos que reinventaram o sisudo e sem graça vice-presidente Geraldo Alckim, transformando-o em um político moderno e com bons índices de popularidade.
Além disso, a fragmentação da mídia e novos comportamentos das pessoas fazem com que o spot bem roteirizado e bacana do seu candidato, exibido no intervalo do horário nobre, já não é percebido com a mesma força de antes, até por que o programa preferido pode muito bem ser visto em outro momento pelo aplicativo da emissora. Então, mais uma vez – Uma mídia não anula a outra, mas complementa.
João Ribeiro é estrategista e consultor em marketing político.