Se o caro leitor acabou de aterrissar na cidade ou não está nem aí para política, a não ser em anos de eleição municipal, tento atualizá-lo sobre o que pode acontecer no dia 2 de outubro, quando iremos escolher o próximo prefeito de Uberlândia. Enfatizando sempre que, como dizia o ex-governador de Minas Magalhães Pinto, “política é igual a nuvem no céu: muda de forma e lugar a todo o momento”. Posto isto, vamos à conjuntura de momento na disputa pela sucessão do prefeito Gilmar Machado (PT).
Do lado da oposição, o ex-prefeito e deputado federal Odelmo Leão (PP) é, de longe, a “noiva” mais cortejada. Para não dizer a única opção para tentar apear o PT do poder municipal. Já estamos em fevereiro e, caso Odelmo não aceite disputar a eleição, será um “Deus nos acuda” nas fileiras oposicionistas. Mas, ao que tudo indica, o ex-prefeito, que deve trocar em breve o PP pelo PSD, é candidatíssimo.
Ainda na frente oposicionista, o ex-deputado federal João Bittar (DEM) tenta se posicionar como alternativa. Por enquanto, uma vontade mais pessoal do que de grupo, uma vez que o partido Democratas tem atuado na cidade de forma isolada nos últimos anos.
Odelmo cortejado
O cenário em Uberlândia é mais movimentado em torno das fileiras que hoje dão sustentação ao mandato do prefeito Gilmar Machado. O prefeito é candidatíssimo à reeleição. Há quem diga que Gilmar não tem a menor chance de se reeleger em função das dificuldades de gestão e escassez de recursos que permearam o Governo desde o princípio. A história mostra, no entanto, que não se deve subestimar a máquina administrativa. Principalmente em tempos de campanha sem aporte de recursos empresariais. Gilmar acredita que as entregas que realizará neste ano ainda podem tornar o cenário favorável à reeleição. Pelo planejamento do prefeito, serão entregues milhares de casas do programa Minha Casa, Minha Vida, unidades de saúde, Samu e até viadutos.
Gilmar vai disputar
Além do prefeito pré-candidato à reeleição, aliados da atual gestão montaram estratégias, de curto e de médio prazo, visando à disputa pela Prefeitura de Uberlândia. No curto prazo, o foco é buscar garantir que Odelmo Leão não vença no primeiro turno. Para isto, a ideia é lançar ao menos três candidatos majoritários com bom potencial eleitoral alinhados à atual gestão municipal. Além do próprio prefeito, um nome ligado ao grupo liderado pelo deputado federal Tenente Lúcio (PSB) e outro saído de dentro do PMDB. Provavelmente o deputado estadual e presidente da legenda local, Leonídio Bouças.
Todos contra um
Na estratégia de médio prazo, ao lançar vários candidatos a prefeito, os grupos que hoje apoiam Gilmar Machado esperam levar a disputa para o segundo turno, para então se reagruparem em torno da candidatura que passar à segunda etapa. Seria algo ao estilo “todos contra Odelmo”.
Limpando a barra
Quanto a Gilmar Machado, bem ou mal avaliado, ele se vê obrigado a disputar a reeleição como forma de, pelo menos, defender o próprio mandato exposto ao desgaste desde o início. Na atual conjuntura, nenhum candidato assumiria a defesa da gestão petista com o afinco necessário. Mesmo que seja derrotado, Gilmar precisa usar a campanha para tentar mostrar o que conseguiu realizar para, no mínimo, sair em condições de tentar voltar à Câmara dos Deputados em 2018. Sim, em política, uma eleição sempre se relaciona com a anterior e principalmente com a seguinte. Legados de um calendário com disputas de dois em dois anos.
Cadeia para vereador
Na semana que passou, um dos assuntos mais comentados na mídia social e convencional foi a operação do Ministério Público em parceria com a Polícia Militar que prendeu os nove vereadores da Câmara Municipal de Centralina (cidade localizada a 127 km de Uberlândia) por suspeita de desvio de dinheiro público por meio de diárias de viagens supostamente fictícias. Em Uberlândia, não há registros recentes de denúncias envolvendo despesas de viagens de vereadores.
Talvez o cuidado dos edis locais seja maior em função de já ter havido na cidade uma cassação de mandato baseada na inconsistência da prestação de contas relacionada às despesas de viagem. Trata-se do caso envolvendo o ex-vereador e apresentador de TV Batista Pereira, atualmente residente em Goiânia (GO). Vereador na década de 1990, Pereira foi processado e chegou a ser preso, acusado de fraudar notas fiscais de despesas de viagens.
Já faz alguns anos que as diárias de viagem foram abolidas no Legislativo local. Este tipo de gasto deve constar nas despesas incluídas na chamada verba indenizatória, que é limitada em R$ 10 mil/mês por vereador. Como os edis têm outras formas de comprovar a utilização desta verba extra, não faria sentido inventar viagens fictícias, como ocorreu em Centralina. Fica a dica.
por Cezar Honório Teixeira
Fonte: Correio de Uberlandia