A duas semanas do primeiro turno das eleições, o “voto útil” começa a ser defendido pelos candidatos que aparecem à frente nas pesquisas de intenção de voto. Enquanto isso, outros condenam a prática, tentando evitar a perda de eleitores na reta final da campanha.
Especialistas ouvidos pela imprensa descrevem o voto útil como aquele em que o eleitor vota de forma estratégica em um candidato que não necessariamente é a sua primeira opção. A intenção é levar um terceiro candidato à derrota no pleito.
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De acordo com o cientista político José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo (USP), o voto útil é impulsionado pelo cenário de estabilidade das pesquisas eleitorais. Na corrida presidencial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) têm adotado estratégias diferentes para agregar esse tipo de voto.
O cientista político da FGV Cláudio Couto considera que o voto útil (ou estratégico) é uma escolha válida e democrática. “As escolhas que se fazem em uma democracia não são sempre as ideais. Às vezes, são escolhas mais pragmáticas”.
“É uma estratégia que tem menos a ver com valores do que com a questão do que pode ser mais efetivo para os objetivos que se busca. Se o objetivo que se busca é evitar ‘um mal maior’ e eleger a melhor alternativa possível e não a melhor alternativa ideal, o voto útil é perfeitamente legítimo, faz todo sentido em uma democracia”, afirma o professor da FGV.
Para ele, o voto em um candidato com a intenção de que ele chegue ao segundo turno mais fortalecido, como é o caso do voto estratégico no presidente Jair Bolsonaro (PL), que aparece como segundo colocado nas pesquisas, não seria exatamente um voto útil.
“É um voto estratégico. Eu voto não na minha primeira opção, mas na minha segunda opção por entender que ela será mais bem-sucedida lá na frente. Esse que projeta a próxima rodada do jogo é um tipo de voto estratégico. Já o voto útil é outro tipo de voto estratégico”, diz Couto.
Já o cientista político e presidente do conselho científico do Ipespe, Antonio Lavareda, considera que esse tipo de voto no atual presidente também é um tipo de voto útil. “Esses eleitores, vendo a disputa muito estreita, podem se ver tentados a antecipar essa preferência do segundo turno para o primeiro turno”, afirma Lavareda.