Diferentemente do Brasil, onde a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) já estava consolidada mais de um ano antes das eleições, a Argentina se aproxima do pleito de outubro com ao menos seis nomes viáveis e um cenário de grande incerteza.
A desistência do presidente Alberto Fernández de concorrer à reeleição, anunciada nesta sexta-feira (21), mexeu novamente nas cartas, já embaralhadas há um mês, quando o ex-presidente Maurício Macri também anunciou que não disputaria a Casa Rosada.
Do lado da coalizão peronista, pela Frente de Todos, são considerados três nomes principais: a vice-presidente Cristina Kirchner, que ainda faz mistério sobre sua eventual candidatura, o atual ministro da Economia, Sergio Massa, e o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli.
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Do lado da oposição, a aliança Juntos por el Cambio, há outros dois cotados mais competitivos. Um é Horacio Larreta, governador da capital federal Buenos Aires; a outra é Patricia Bullrich, até semana passada presidente do partido de Macri (PRO, Proposta Republicana).
CONHEÇA OS NOMES:
Cristina Kirchner, 70 (Frente de Todos)
Daniel Scioli, 66 (Frente de Todos)
Sergio Massa, 50 (Frente de Todos)
Horacio Larreta, 57 (Juntos por el Cambio)
Patricia Bullrich, 66 (Juntos por el Cambio)
Javier Milei, 52 (A Liberdade Avança)
Enquanto os dois lados não se decidem, ganha tração uma terceira força política, o deputado federal ultraliberal Javier Milei, líder da coalizão A Liberdade Avança. Ele aparece à frente em parte das pesquisas de intenção de voto quando os candidatos são citados por nome.
No levantamento mais recente, feito pela consultoria Management & Fit entre os dias 27 de fevereiro e 13 de abril, por exemplo, Milei (24%) fica à frente de Larreta (19%) e Cristina (18%), empatados tecnicamente num cenário que inclui a ex-presidente e também o atual presidente.
Quando se pergunta em quais alianças as pessoas votariam, porém, despontam os dois principais movimentos: o opositor Juntos por el Cambio e o peronista Frente de Todos ficam em torno dos 22%, contra 14% dos “libertários” de Milei. Foram feitas 1.500 entrevistas, com margem de erro de 2,2 pontos.
Os grupos políticos têm cerca de dois meses para apresentar suas listas de pré-candidatos para as eleições primárias, chamadas de Paso (Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias). A votação prévia acontece em 13 de agosto em todo o país.
Depois, os candidatos mais votados vão para as eleições gerais, em 22 de outubro, quando também serão eleitos os governadores de 21 das 23 províncias e da cidade de Buenos Aires, metade dos deputados e um terço dos senadores. Um possível segundo turno ocorre em 19 de novembro.
O pano de fundo dessas eleições é um descontentamento geral com a política impulsionado pela profunda crise econômica e o crescimento da pobreza vividos pela Argentina. Para o Brasil, está em jogo a reaproximação dos governos atuais dos dois países.
Fonte: Folha de São Paulo