Quem são as duas mulheres que vão disputar as eleições para presidente do México em 2024

Pela primeira vez na história do México, duas mulheres são as favoritas nas eleições pela presidência do país em 2024: a ex-prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum e a senadora de origem indígena Xóchitl Gálvez.

Sheinbaum, de 61 anos, foi nomeada nesta quarta-feira (6) como candidata do partido no poder, Movimento pela Regeneração Nacional (Morena, de esquerda). Ela terá como principal oponente a senadora Xóchitl Gálvez, de 60 anos, que foi indicada como candidata no domingo (3) depois de vencer as primárias de uma coalizão que reúne três partidos de oposição (PAN, PRI e PRD).

Assim, a sucessora do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador, em 2024, será muito provavelmente uma mulher. Esta seria a primeira vez na história do país – onde ocorrem milhares de feminicídios por ano – que uma eleição será decidida entre duas mulheres.

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Cientista e próxima de López Obrador, Sheinbaum saiu vitoriosa de uma pesquisa de opinião organizada por seu partido, o Morena, para decidir o escolhido ou escolhida entre seis candidatos. Impulsionada pela popularidade do presidente mexicano, ela é atualmente a favorita a vencer as eleições marcadas para o início de junho.

“Hoje é o povo do México quem decide”, declarou ela após o anúncio dos resultados. “O processo eleitoral começa amanhã em todo o país. Não há um minuto a perder.”

A pesquisa realizada com uma amostra de 12,5 mil pessoas minou a união do Morena, partido de López Obrador que levou a esquerda ao poder em 2018.

Antes mesmo do anúncio dos resultados, o principal rival de Sheinbaum, o ex-chanceler Marcelo Ebrard, pediu a repetição da pesquisa de opinião, denunciando “irregularidades”. Mas o partido afirmou que os resultados eram definitivos.

As primárias foram “um exercício democrático e unitário”, disse o presidente do Conselho Nacional do partido, Alfonso Durazo, ao anunciar os resultados. “Não houve incidentes que afetassem definitivamente o resultado final”, acrescentou.

Ebrard pode deixar o Morena, de acordo com rumores divulgados na imprensa mexicana.

Dois estilos diferentes
O duelo feminino entre Sheinbaum e Gálvez promete ser um confronto frontal entre dois estilos.

Neta de avós judeus que deixaram a Bulgária e a Lituânia, Sheinbaum é uma física aparentemente reservada. “Sou uma menina de 1968”, diz a ex-prefeita, que reivindica a herança das lutas sociais.

Proveniente da burguesia intelectual de esquerda da capital, ela está empenhada em dar sequência às políticas de López Obrador. Sheinbaum quer continuar a defender os mais pobres, especialmente as comunidades indígenas, ao mesmo tempo que destaca os bons resultados macroeconômicos de seu mentor (moeda forte e finanças em dia).

Já Gálvez é natural de Tepatepec, uma pequena cidade do estado de Hidalgo, no centro do México. De origem modesta, “Xochitl” (flor, na língua Nahuatl) nasceu de pai indígena Otomi e mãe filha de indígena. Ela costuma vestir a huipil, uma blusa tradicional.

Engenheira e líder empresarial, naturalmente espontânea, Gálvez usa expressões coloquiais em seus discursos. “Minha regra de ouro: nada de preguiça, nada de bandidos, nada de malandros”, insistiu ela em entrevista à AFP na segunda-feira (4).

Gálvez garantiu que lutaria “com os ovários” contra a violência. A senadora desafiou Sheinbaum a se libertar da tutela do presidente: “Deixe ela dizer a ele (…) cuide do governo e deixe-me ser a candidata”.

Sheinbaum favorita
Politicamente, Gálvez diz que toma emprestadas ideias dos três partidos que a apoiam (o liberalismo econômico do PAN, de direita, os ideais de justiça social do PRD, de esquerda, e a herança institucional do PRI).

“Comigo não haverá retrocesso nos direitos adquiridos, tanto para a comunidade LGBTQ+ como para as mulheres”, promete ela, quando questionada sobre o aborto descriminalizado em setembro de 2021 e o casamento para todos, que é legal nos 32 estados mexicanos.

Mas Sheinbaum é a favorita nas eleições presidenciais, de acordo com duas pesquisas recentes. Combativa, “Xóchitl” afirma que pode recuperar o atraso, depois de ter despertado uma oposição em apenas dois meses de campanha interna.

Fonte: AFP