Novas tarefas para um novo ciclo

Por Aurízio Freitas (*)

A vitória de Jair Bolsonaro significou a implosão das certezas políticas no Brasil.

Em 2018, o voto foi contra todo o modelo político vigente. Grosso modo, à soma da Constituição de 1988, com as legislações infraconstitucionais e o sistema partidário de 1980, chamamos “6ª República”. Ela está em xeque, embora muitos políticos e jornais profetizem que a eventual queda de Bolsonaro traria a agradável e segura normalidade de antes.

A “6ª República” surge em contraponto à “5ª”, um regime de exceção bipartidário. Após instabilidade com Sarney, Collor e Itamar, encontrou a forma ideal na fórmula PSDB versus PT por 20 anos. Encerrou-se com Dilma e Temer. Durante este período houve muitas conquistas que têm lugar na História e das quais não se abre mão.

Mas que partidos construímos em 40 anos e o que podem fazer por si e pelo país agora?

Por tudo vivido, o PT precisa de autocrítica, renovação de quadros e reposicionamento. O PSDB perdeu protagonismo desde 2003, exceto nas disputas nacionais e carece de novos líderes, novo programa e discurso atualizado.

O MDB precisa se reinventar, pois o conceito “catch-all” (“partido pega tudo”) já não cabe. O DEM abriu mão do liberalismo do PFL e buscou recuperá-lo com as reformas econômicas. Carece de organização nacional e programa.

PP, PSD, PL, PTB e partidos pequenos, precisam de vida além do Congresso Nacional.

O PDT, nacionalista, deve romper de forma clara com o intervencionismo econômico e o autoritarismo político, hoje só plenamente vigente na China.

Novas forças de centro-direita e centro-esquerda, como Novo, Podemos e Cidadania, miram na renovação. Precisam experimentar seus novos líderes em eleições e mandatos. A Rede, que faria parte desse bloco, esvaziou-se ao longo do tempo.

O campo conservador (Aliança pelo Brasil, PSC, PRB etc.) está em lenta organização. Que a presença de alguns quadros oriundos das Forças Armadas nestes partidos sirva também para consolidar a participação democrática deste segmento, superando toda e qualquer ideia de intervencionismo.

Este é o quadro em que nasce a 7ª República.

 

(*) Aurízio Freitas é consultor político e estrategista eleitoral. 

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