Consultoria política como profissão

Por Mauricio De Vengoechea (*)

Toda vez que a curiosidade bate à nossa porta e alguns de nós se perguntam quando e como nasceu a consultoria política e quem foi o primeiro consultor que existiu, as respostas são geralmente diversas e também ilustrativas.

A primeira coisa que vem à mente é o nome de Nicolau Maquiavel, diplomata, filósofo e escritor italiano, que teve a sorte de experimentar o período de maior esplendor de Florença no Renascimento. Foi então que Maquiavel escreveu seu trabalho mais conhecido, O Príncipe, e seu trabalho mais importante, Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio, dois compêndios com importantes abordagens filosóficas, análises políticas destacadas e recomendações pragmáticas que transformaram o conselheiro florentino em uma influente referência  para o trabalho dos consultores políticos de hoje.

No entanto, não podemos garantir que Maquiavel foi o precursor dessa profissão que muitos dos leitores da Revista da ACOP (Associação de Comunicação Política) exercem com paixão. Quinto Túlio Cícero – que viveu entre 102 e 43 a.C. – escreveu uma longa e interessante carta dirigida a seu irmão, o político e grande orador romano Marco Túlio Cícero, intitulado Commentariolum Petitionis, tornou-se um texto que foi considerado por muitos como o primeiro manual de campanha eleitoral da história. O engraçado é que ele fez isso para recomendar ações eleitorais em um sistema não democrático, como foi o Império Romano.

Muito antes de Marco Túlio Cícero, um importante estrategista militar nascido na China, Sun Tzu, considerado por muitos historiadores uma figura histórica não autêntica, escreveu – estima-se que entre 722 e 481 a.C. – um verdadeiro tratado sobre estratégia e tática militar conhecido como A Arte da Guerra, um texto emocionante que certamente teve uma grande influência em muitos consultores da era moderna.

E, para não nos estendermos além da conta e logo começarmos a falar sobre consultoria política como a conhecemos hoje, não podemos ignorar Carl Von Clausewitz, um dos historiadores e teóricos mais influentes da ciência militar moderna. Ele influenciou apenas dezenas de campanhas políticas no que diz respeito à sua operação tática, mas suas ideias são ensinadas em academias militares e em cursos e cursos de pós-graduação em marketing político e comercial em vários países do mundo.

Agora, se o que estamos falando é sobre a profissão como a conhecemos hoje, sem dúvida, a figura central é Joseph Napolitan, mais conhecido no mundo da comunicação política moderna como “Joe”, porque foi ele quem ele cunhou o nome consultor político. Napolitan, assessorou mais de cem campanhas eleitorais nos Estados Unidos e muitas outras em países da Europa, Ásia e América Latina.

Joe Napolitan participou da eleição de John F. Kennedy em 1960 e foi o principal consultor da campanha de Hubert Humphrey em 1968. Nesse mesmo ano, ele saiu pelo mundo em busca daqueles que faziam o mesmo que ele, com a firme intenção de profissionalizar nossa atividade, compreendendo a importância de trabalhar para propagar e defender a liberdade e os valores democráticos em todo o mundo. Com esse propósito louvável, Joe conheceu Michel Bongrand, que havia sido consultor em 1965 da campanha do general Charles De Gaulle e com ele fundou, em 1968, a Associação Internacional de Consultores Políticos, IAPC. Um ano depois, o próprio Napolitan cria a Associação Americana de Consultores Políticos, AAPC; e anos depois, inspirado por seu esforço, a Associação Latino-Americana de Consultores Políticos, ALACOP, apareceu; a Associação Europeia de Consultores Políticos, EAPC; a Associação de Comunicação Política, ACOP; e várias associações que promovem nossa atividade profissional, em muitos países do mundo.

Hoje, 52 anos depois, quando a profissão de consultor político promovida por Joe Napolitan proliferou e se tornou uma das profissões mais procuradas do mercado. Sinto-me honrado por ter sido eleito Presidente da IAPC e por representar colegas da América Latina na principal associação que reúne colegas de todos os continentes.

Hoje, os consultores latino-americanos têm a oportunidade de mostrar, na próxima reunião anual da IAPC, a ser realizada entre os dias 8 e 11 de novembro de 2020, em Miami, que em nossos países, a consultoria política está avançando a passos largos no mundo político. Isso se demonstra claramente pela atenção que as universidades da Espanha e da América Latina deram à nossa atividade, com a oferta de graduações e pós-graduações; pelo esforço da Cumbre Mundial de Comunicação Política para nos aproximar e pelas dezenas e dezenas de profissionais que ambos procuram treinar e integrar no maravilhoso mundo da consultoria política.

Convido à todos vocês a se juntarem a mim e demonstrarem a partir da IAPC e da ACOP, neste caso, que na América Latina estamos na vanguarda.

(*)Mauricio de Vengoechea é Estrategista Político e presidente da De Vengoechea & Associates.

www.devengoechea.com@devengo

Fonte: ACOP, artigo publicado em 19 de fevereiro de 2020.

 

Nota do Eleições Brasil:  Este artigo foi originalmente escrito em espanhol e traduzido e adaptado para o português por nessa equipe de editores.

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