Por Renato Dorgan (*)
Bolsonaro percebeu que só existe uma fórmula eleitoral no Brasil pra um governo ser reeleito: ajuda direta aos mais pobres, assistencialismo maciço.
O presidente cresceu em aprovação nas classes C e D em todo país, cresceu até no Nordeste onde sua reprovação era grande. Esses mesmos eleitores eram os que mais criticavam o presidente até metade da pandemia, Haddad venceu, e bem, entre as classes C2 e D em 2018. Agora, esse mesmo eleitor, aprova a gestão do presidente por causa do auxilio emergencial.
O resto é filosofia, sonhos e desejos.
Essa fórmula eleitoral imbatível foi criada por Getúlio Vargas e consagrada por Lula e Dilma.
Bolsonaro segue essa cartilha assistencial na risca, desde maio/junho, mudou toda a sua aprovação: a cada um eleitor que perde na classe media ganha dois na pobreza.
É possível até ganhar uma eleição vendendo sonhos pra classe média, como fizeram Jânio e Collor, mas nunca será reeleito sem promover politicas públicas assistenciais para pobres, pois na medida que há perda de apoio na classe média por frustrar os sonhos vendidos na eleição, é preciso compensar essa perda com a conquista dos pobres (maior número). É a conquista pelo estômago, pela renda e pelo assistencial.
O sonho da classe média de combate extremo a corrupção e a aplicação de um politica econômica mais liberal será mais uma vez adiado, ficando quem sabe para algum dia.
Desculpem dizer, vou levantar a placa “eu já sabia”, pois a tendência é sempre a Real Politik brasileira vencer, a velha formula criada por Getúlio Vargas é o que move e funda a democracia brasileira.
Lembrando uma trova do Coronel do sertão nordestino: “enquanto tiver pobreza vai ser uma moleza vencer. Mas ela nunca pode acabar, pois se ela acabar o que vamos dar pra eles pra vencer eleição ? Pois “nois” sabe que eles não gostam de “nois”, porque eles sabem que “nois” não gosta deles”.
(*) Renato Dorgan é estrategista eleitoral, especialista em pesquisas de opinião pública e sócio da Travessia Estratégia.
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