“Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU e os reflexos no Brasil”, por Magno Xavier.

Por Magno Xavier (*)

Ao contrário do que se acompanhou nos discursos anteriores de Bolsonaro na ONU, este foi em um tom mais moderado.

Foram basicamente duas linhas de discurso: A primeira mais retórica e voltada para sua base eleitoral, onde ele reafirmou suas posições em relação aos desdobramentos internos da pandemia da Covid-19 e apresentou um resumo das obras estruturantes do seu Governo, com destaque para a tecnologia 5G.

Na segunda linha de discurso ele voltou-se, aí sim, para as relações políticas e comerciais externas, destacando o empenho do Governo para resoluções de questões climáticas; questões humanitárias, fazendo menção aos refugiados venezuelanos e agora afegãos; condenou o terrorismo em todas as suas formas e por fim, convidou Investidores para vir conhecer o Brasil, pois aqui temos ótimas oportunidade e segurança jurídica.

Isso foi o que se ouviu basicamente no discurso. Mas o mais importante é o que não se ouviu (ou o que não se viu). Não ouvimos, por exemplo, ele se referir ao acordo firmado entre os poderes que pôs fim à crise institucional, não ouvimos ele falar em reforma tributária e/ou administrativa, não ouvimos o Presidente fazer nenhum afago ao Presidente americano Joe Biden, também não ouvimos ele fazer referência ao Presidente chines Xi Jinping, nosso maior parceiro comercial.

Já o que se viu, no entanto, foi um Presidente isolado, se alimentando nas calçadas. Não contou com nenhum afeto do anfitrião e teve poucas interações ou conversas sobre negócios bilaterais com outros chefes de Estado.

Aqui no Brasil o reflexo disso foi que o mercado financeiro ignorou este discurso, uma vez que o índice Ibovespa ficou a manhã toda apenas ensaiando uma recuperação após o tombo do dia anterior – o que é absolutamente normal – só firmando uma tendência de alta após a reunião dos Presidentes da Câmara, Arthur Lira e do Senado, Rodrigo Pacheco, com o Ministro da Economia Paulo Guedes, quando aqueles prometeram ao Ministro empenho na resolução do problema dos Precatórios e com isso conseguirem os recursos para o Auxílio Brasil sem furar o teto de gastos e sem elevação de impostos.

Resumidamente, na prática, o que isso significa para o povo brasileiro, empresários e empreendedores? Uma retomada gradativa da normalidade institucional e do crescimento econômico pós-pandemia sem o abandono do “ajuste fiscal”, apesar do discurso inadequado do Presidente Jair Bolsonaro.

(*) Magno Xavier é economista e especialista em gerenciamento de empresas pela UERN e cursa MBA/EAD em Marketing Político pela UnyLeya.

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