“O pretérito imperfeito na economia brasileira”, artigo de Magno Xavier e Paulo Nunes de Oliveira

Por Magno Xavier (*) e Paulo Nunes de Oliveira (**)

Em 2021 uma crise sanitária que eclodiu no final da década anterior deste século, juntamente, com outras agruras que fazem parte dos desassossegos do povo brasileiro fizeram com que fenômenos econômicos que pensávamos distantes batessem à porta. Falamos dos índices de desemprego, de inflação (variação do IPCA e outros índices: IGP-M), da variação do câmbio e da elevação das taxas de juros (Selic). E, por fim, sabendo que estamos vivenciando, uma inflação em escala global que reverbera no Brasil. Então, o que se vislumbra deste segundo ano desta década?

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Em primeiro lugar, elucidando os aspectos dos fenômenos acima, vamos ater o foco em um setor primordial em toda economia, o setor energético o qual é uma das bases de toda economia industrial e que, no momento, é uma das causas da elevação dos preços em geral. A título de exemplo, assim como ocorreu a crise do petróleo na década de 70 do século XIX o qual elevou-se o preço da commodity, estamos vivenciando uma crise em relação ao valor do mesmo. Logo, lembrando-se de que no Brasil, dois segmentos desse setor estão causando uma elevação da precificação de bens de consumo e também são itens que compõem o rol bens/serviços que teve elevação dos preços: os combustíveis (oriundos do petróleo) e a falta de energia hidroelétrica.

O primeiro caso (variação dos combustíveis derivados do petróleo), dois fatores contribuíram para isso:

1. A cláusula de parâmetro para estipulação dos preços, nos contratos da Petrobras (toma-se por base a variação do preço barril do petróleo no mercado internacional); e

2. A dependência da nossa logística (sua totalidade, isto é acima de 70 %, conforme estudo)(https://summitmobilidade.estadao.com.br/guia-do-transporte-urbano/a-dependencia-do-transporte-rodoviario-no-brasil/) do modal rodoviário, que possui alta demanda por combustíveis oriundo do petróleo.

O Segundo caso, que se refere a crise energética que assola a economia brasileira, e as finanças da população, é crise hídrica. No mesmo século, no interstício de 20 anos, estamos sofrendo com uma crise hídrica que está afetando sobremaneira o setor energético do Brasil.

Tudo isso contribui para elevação dos preços dos bens/serviços. Não quer dizer que sejam os únicos, mas são de grande peso como fator de aumento, já que influenciam desde a produção, transporte, armazenagem e, por fim, o dia-a-dia das pessoas.

Além disso, outro componente relevante nesse panorama é a variação do câmbio (dólar americano versus o real), pois também pesa no preço da commodity petróleo, no preço das mercadorias importadas (máquinas, equipamentos) e em contratos que empresários residentes fazem com empresas estrangeiras, considerando que a moeda de intercâmbio de praxe é o dólar americano. Com a turbulência constante no cenário político brasileiro, os indicadores econômicos (contas públicas, desemprego) nada agradáveis são elementos que corroboram com alta da moeda norte-americana frente ao real.

Diante de toda essa situação torna-se imprevisível o cenário para o próximo ano. É preciso também considerar que, como é sabido, em anos eleitorais a desconfiança dos investidores aumenta pela insegurança sobre o que está por vir.

Então, qual o panorama numa situação de vários acontecimentos possíveis em que a aleatoriedade reina? Em se tratado de crise energética já estamos em processo avançado. A busca de fontes alternativas para nossa matriz energética está sendo alvissareira. Basta como exemplo a situação do estado do Rio Grande do Norte onde estão sendo implantados tanto um parque de energia eólica quanto solar. Isso a longo prazo trará grande avanço tanto para economia local assim como para a nacional. Ressalta-se que no momento o aprofundamento da crise energética não é maior devido já a produção dessas fontes de energia que já fazem parte da matriz. Mesmos ainda sendo em pequena proporção comparando-se aos anos de investimentos nas hidroelétricas.

Também, se espera que o novo programa de incentivo de “cabotagem e ferroviário” venha a redirecionar a logística de transportes no Brasil, implicando dessa forma na redução dos preços em geral das mercadorias, tanto pela queda do frete (transportes em grandes quantidades via navios e trens), quanto pela redução dos preços dos derivados do petróleo (diesel e gasolina).

Portanto, apesar de todas as disfunções da Economia brasileira muito agravadas pela polarização política, observa-se a existência de um norte promissor sendo traçado a longo prazo, quando comparamos nossa realidade com o relatório “Secular Outlook” para a próxima década do Banco de Investimentos suíço Julius Baer divulgado no inicio deste mês de dezembro/2021. Este documento aponta quatro tendências de longo prazo para a Economia mundial:

  1. Substituição de combustíveis fósseis por energias renováveis, desorganizando as cadeias de suprimentos e provocando inflação no curto prazo, porém no longo prazo esta substituição trará desinflação;

2. Web 3.0 dando suporte às criptomoedas (com base na tecnologia blockchain);

3. Adoção pelas Empresas de boas práticas sociais, ambientais e de governança (ESG – environmental, social and governance);

4. A pandemia de coronavírus também deve impulsionar investimentos em tecnologias voltadas para a área médica, saúde digital, genômica e de longevidade; na medida em que compostos biológicos artificiais são criados e personalizados usando inteligência artificial, robótica e nanotecnologia etc. É fundamental para esse avanço a implantação da tecnologia de comunicação 5G que já está em curso no país.

(*) Magno Xavier é economista e especialista em gerenciamento de empresas pela UERN e cursa MBA/EAD em Marketing Político pela UnyLeya.

(**) Paulo Nunes de Oliveira é economista graduado pela UFRN.

E-mail: [email protected] – Instagram: @magnoxavier_economista – Twitter: @MagnoXavier2

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