Adiar ou não adiar, eis a questão

Para diretor do Instituto Paraná Pesquisas, eleição em outubro beneficia a quem vai para a reeleição

Em 2020 estão programadas eleições em que serão escolhidos os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores que vão assumir o cargo pelos próximos quatro anos. Mas, em um ano marcado pelo isolamento social e diversas medidas restritivas que tentam evitar o avanço do novo coronavírus em todo o país, as tradicionais discussões que ocorreriam neste momento sobre articulações e alianças políticas ficam em segundo plano e alguns possíveis candidatos evitam inclusive de falar em pré-candidaturas durante a pandemia.

Assim, o foco sobre as eleições, por conta da pandemia, está voltado sobre uma possível mudança da data do primeiro turno, marcada para o dia 4 de outubro – primeiro domingo de outubro, conforme determina a Constituição Federal. Para isso, está em discussão a PEC 18/2020, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que tem a relatoria do senador Weverton Rocha (PDT-MA).

Mas, afinal, por que é tão importante definir em que data serão realizadas as eleições municipais em 2020? Para o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, a resposta é simples: “a realização das eleições em outubro, novembro ou dezembro pode interferir diretamente no resultado das eleições”. Diante disso, Hidalgo avalia os três possíveis cenários e como o enfrentamento da COVID-19 pode influencias as eleições.

Outubro

Para o diretor do Paraná Pesquisas, a realização do primeiro turno das eleições em 4 de outubro favorece os prefeitos e vereadores que vão disputar a reeleição. “A COVID-19 fez com que problemas como a precariedade nas unidades de saúde, falta de pavimentação
e de segurança ficassem em segundo plano, voltando as atenções e ações especificamente para o combate ao novo coronavírus. Neste cenário, as eleições em outubro são um paraíso para os atuais prefeitos e vereadores que vão concorrer à reeleição”, aponta.

Hidalgo baseia sua avaliação no fato de que o atual cenário beneficia uma “campanha diária de quem tem um cargo eletivo, enquanto que o isolamento social, a proibição de aglomerações e outras medidas restritivas impostas pela COVID-19 prejudicam quem não ocupa cargo”. “Isso sem falar que, por conta do período de calamidade pública, foram implantadas ações como transferência de renda, distribuição de cestas básicas, o que beneficia os atuais gestores. Assim, a probabilidade é que se as eleições acontecerem em outubro teremos um alto índice de reeleição”.

Levantamento divulgado em maio pelo Paraná Pesquisas, por exemplo, mostrou que 61,8% dos brasileiros consideram que os prefeitos que estão indo bem na crise do novo coronavírus são favoritos à reeleição. A pesquisa foi realizada com 2.280 eleitores em 230
municípios de 26 estados e Distrito Federal entre os dias 23 e 26 de maio, com grau de confiança de 95% e margem estimada de erro de aproximadamente 2%.

Novembro 

Caso o primeiro turno das eleições aconteça em novembro, possivelmente no dia 15, Hidalgo vê um cenário mais neutro para a disputa.

Dezembro

Por sua vez, se as eleições acontecerem em dezembro, Hidalgo analisa que o cenário estará contrário para quem busca a reeleição, beneficiando quem não ocupa cargo. “Isso porque a arrecadação dos municípios vem caindo e a estimativa é que a crise econômica
gerada pelo novo coronavírus se agrave té o fim do ano. Assim, até lá, muitos trabalhadores que perderam o emprego durante a pandemia também já não terão mais seguro-desemprego ou outro tipo de auxílio, aumentando a insatisfação. Além disso, muitos prefeitos terão dificuldades em fechar as contas em dia, inclusive muitas Prefeituras correm o risco de não conseguir pagar a folha e o 13° salário dos funcionários”, diz.

Fonte: Diário dos Campos