“O que esperar de 2022?”, artigo de Magno Xavier

Por Magno Xavier (*)

Há quase que um consenso entre a população brasileira de que o ano novo só começa de fato após o carnaval. Pois bem, a partir da observação dos acontecimentos internos e externos ao Brasil nestes dois meses e meio de 2022, vamos traçar com muita dificuldade e risco, um caminho para o restante do ano.

Variáveis como pandemia, crise hídrica, choque do petróleo, eleições, mudanças climáticas, já muito debatidas desde 2021, somadas provocaram uma aceleração inflacionária muito forte e persistente, forçando o Banco Central a subir os juros, impactando diretamente o consumo das famílias e no financiamento às Empresas. Mal se iniciou 2022 e já tivemos a declaração de guerra da Rússia contra a Ucrânia, como mostramos – não por acaso – nossa interpretação sobre o referido assunto no artigo anterior a este.

Entre no nosso grupo de Whatsapp clicando AQUI

No que diz respeito à posição de neutralidade do Brasil em relação a este conflito é a mais sensata no momento, se lembrarmos dos enormes desafios internos nossos. Precisamos preservar o crescimento do nosso PIB, que em 2021 foi de 4,6% e a redução do desemprego, em um ambiente onde a inflação não vai dar trégua tão cedo. Mesmo com o controle da pandemia de covid-19 e os reservatórios das hidrelétricas recuperado sua capacidade, os danos provocados nas cadeias de suprimentos e o endividamento do país para fazer frente a isso tudo vão manter a inflação pressionada por todo o ano de 2022.

A guerra é um ingrediente central nessa turbulência econômica, inclusive o pior neste momento. Agora os EUA resolveram usar o Petróleo como arma, vetando a importação desta commodity da Rússia, neste caso projeções da própria Rússia indicam o barril a US$ 300,00 nas próximas semanas ou meses, visto que o resto do mundo não conseguirá suprir toda a demanda, mesmo usando suas reservas estratégicas. Além disso há a problemática em relação aos fertilizantes que nos prejudica sobremaneira.

Caso o Putin tenha precificado bem todo este cenário econômico, com sanções duríssimas contra seu país e tiver algum mecanismo para sustentar esta situação por mais algum tempo, provavelmente veremos um afrouxamento dessas sanções e consequentemente uma desmoralização do Ocidente, com os EUA à frente. A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. E ao que parece o ocidente está exagerando na dose, ao promover uma guerra econômica em detrimento de uma guerra bélica que não é deles, já que a Ucrânia não faz parte da OTAN.

De certo mesmo para nós brasileiros em 2022 só inflação. Apesar dos esforços do Brasil na busca por novos acordos comerciais no setor de fertilizantes, como a atual viagem da Ministra da Agricultura Tereza Cristina ao Canadá em busca de potássio, para as Empresas no geral vai ficar uma lição importante que é justamente começarem a atentar talvez menos para a globalização econômica e muito mais para a Geopolítica. Os riscos políticos envolvidos nas transações financeiras e econômicas crescerão bastante nesta nova ordem mundial em curso.

(*) Magno Xavier é economista e especialista em gerenciamento de empresas pela UERN e cursa MBA/EAD em Marketing Político pela UnyLeya. Escreve com regularidade para o Eleições Brasil abordando temas econômicos que tenham impacto sobre o cotidiano político e as eleições. E-mail: [email protected] – Instagram: @magnoxavier_economista – Twitter: @MagnoXavier2

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do portal Eleições Brasil, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.

Print Friendly, PDF & Email