“Rússia x Ucrânia: primeira crise mundial de 2022”, artigo de Magno Xavier

Por Magno Xavier (*)

A crise desencadeada entre a Rússia e a Ucrânia é o primeiro “cisne negro” de 2022. Apesar de não ser um evento repentino e inédito, é algo com potencial de mudar novamente o curso da história.

Rússia e EUA são inimigos históricos, ainda guardam muitas questões mal resolvidas dos tempos da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria. Ao que tudo indica ainda desejam o acerto de contas final.

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A Rússia apesar de não ser uma grande economia, vem usando todo esse tempo para se preparar militarmente e se tornar uma potência bélica, principalmente no Governo de Vladimir Putin, operação feita com pleno apoio do parlamento, além de ter expandido relações comerciais para fora do ocidente e estatizado setores da economia como forma de se proteger das sanções impostas pelo ocidente. Outra peça fundamental nesse tabuleiro geopolítico é a China, 2ª economia do mundo, aliada da Rússia e também rival dos EUA. Esta aliança supera com folga os números militares da OTAN, por isso o ocidente ainda permanece no campo da diplomacia.

Com a pandemia do novo coronavírus, as economias a União Europeia e dos EUA foram muito afetadas. Isso contribuiu para a saída do Presidente Republicano Donald Trump e consequentemente a entrada do Presidente Democrata Joe Biden, que por natureza é um Presidente fraco, que venceu a eleição sob suspeita de fraude. Mas a comprovação da sua fragilidade se confirmou mesmo na retirada desastrosa das tropas militares do Afeganistão no final de agosto e inicio de setembro de 2021, saindo completamente desmoralizados da guerra contra o Talibã, e perdendo US$ 2 trilhões. A União Europeia por sua vez, encontra-se extremamente dependente da Rússia no consumo de petróleo, mas principalmente no de gás natural, e viu essa dependência aumentar com a pandemia, devido o desmonte das cadeias de suprimento e logística americanas.

Neste cenário a OTAN tem basicamente duas linhas de atuação para tentar evitar um conflito bélico. A diplomacia, que parece estar esgotada, e as sanções econômicas que certamente já estão precificadas pela Rússia.

Moscou leva vantagem também no impedimento da associação da Ucrânia à OTAN, já que o estatuto da aliança militar do ocidente não permite integração de países com zona de conflito iminente, como é o caso das províncias de Donetsk e Luhansk.

Se teremos uma Terceira Guerra Mundial, é difícil afirmar, provavelmente não. Agora, os estragos econômicos serão inevitáveis, a começar pela derrubada das Bolsas de Valores ao redor do mundo, inclusive na própria Rússia, com peso nas ações do setor financeiro. E o petróleo é a commodity que deverá sofrer as maiores altas, chegando até os US$ 150,00 nas próximas semanas ou meses.

Mas qual o impacto disso tudo para a Economia do Brasil? Bem, até o momento quase nenhum, mais o maior impacto negativo poderá ser sentido pelo agronegócio, caso as sanções comerciais impostas por EUA e UE atinjam o comércio de fertilizantes russo, de onde vêm aproximadamente 30% das nossas importações. Outra consequência negativa sem dúvida é o aumento dos preços dos combustíveis com a escalada do petróleo, pressionando a nossa inflação, que não será pior graça as fortes chuvas que abasteceram os reservatórios das hidrelétricas.

Entretanto, no curtíssimo prazo, o impacto tem sido até positivo. Com investidores fugindo da Rússia, o Brasil se apresente como porto seguro dentre os emergentes, que num momento de juros baixos nos EUA e altos aqui no Brasil isso tente a valorizar a nossa moeda ajudando a conter a inflação.

Portanto, a grande dúvida para o Brasil é qual destas forças irá prevalecer no médio prazo, a depender dos desdobramentos deste conflito.

(*) Magno Xavier é economista e especialista em gerenciamento de empresas pela UERN e cursa MBA/EAD em Marketing Político pela UnyLeya. Escreve com regularidade para o Eleições Brasil abordando temas econômicos que tenham impacto sobre o cotidiano político e as eleições. E-mail: [email protected] – Instagram: @magnoxavier_economista – Twitter: @MagnoXavier2

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do portal Eleições Brasil, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.

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