Em um ano marcado por incertezas, mais uma eleição está prestes a ser concluída. Não é etapa de todo superada, pois, dos 5.570 municípios brasileiros, em 57 a disputa prossegue no segundo turno – o que inclui Fortaleza e Caucaia, no nosso estado, além de capitais expressivas, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e Recife (PE). Mas, afinal, que lições podemos tirar para a consultoria política e para o futuro da nossa democracia?
Entre no nosso grupo de Whatsapp clicando AQUI
Para quem atua na consultoria política, ousamos dizer que várias. Nunca foi tão importante ser criativo como nestas eleições. A substituição dos grandes eventos pelas atividades realizadas via redes sociais se impôs de forma intensa e mudou a lógica das campanhas. No embate entre o que pregava a Justiça Eleitoral e o que realizavam as campanhas em eventos com aglomerações, deu-se uma disputa à parte, tão acirrada quanto a que envolve as próprias candidaturas. Em momentos pontuais, venceu a desobediência civil, com as pessoas procurando nas campanhas uma espécie de catarse resultante do isolamento prolongado que se impôs durante o ano marcado pela pandemia da Covid-19. Porém, já na reta final do primeiro turno, o bom senso prevaleceu entre candidatos e eleitores e se estendeu à segunda etapa da disputa.
Desta forma, as campanhas tiveram de, na marra, se adequar a um formato em que os(as) candidatos(as) passaram a ter de se dirigir não a multidões que os cercavam em comícios, mas a um aglomerado virtual, disperso, mas atento aos acontecimentos, por meio das redes sociais. Nem sempre com a desenvoltura necessária à tarefa, mas, dentro do possível, as candidaturas procuraram transmitir sua mensagem aos eleitores.
Este formato tornou candidatos e candidatas mais sensíveis às orientações emitidas por consultores políticos – nos municípios em que as campanhas contrataram este tipo de profissional. Somos um segmento muitas vezes mal compreendido pela sociedade, mas procuramos exercer a função de forma digna, distante da visão estereotipada de “marqueteiro”, infelizmente popularizada por parte expressiva da mídia e pelos próprios políticos.
Os consultores e consultoras políticos temos muito a dizer aos políticos, à imprensa e à própria opinião pública. Mas é preciso que as pessoas estejam dispostas a nos ouvir. Estamos organizados, desde 1991, por meio da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop). Desde então, procuramos atuar de forma organizada e, cada um a seu estilo, procuramos fortalecer a democracia nas campanhas municipais, estaduais e presidenciais em que atuamos.
Quanto ao futuro da democracia, a que nos referimos no início do artigo, trata-se de matéria mais complexa. Envolve a participação de todos e todas, por meio de atitudes que representem o exercício pleno da cidadania. Tarefa hercúlea, sem dúvida. Mas da qual não devemos arredar o pé. Em nosso nome, dos nossos antepassados e dos nossos filhos(as) e netos(as).
Salomão de Castro
Jornalista e consultor político filiado à ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos)